Sexta-feira, 9 de março – Os vinhateiros homicidas (Mt 21,33-43.45)



Jesus ameaçado de morte pelos chefes do povo – a parábola dos vinhateiros descreve o drama da salvação. A vinha é o povo que Deus escolheu. Mas muitas vezes os chefes deste povo não estiveram á altura da sua responsabilidade. Nem os profetas, nem o próprio Filho de Deus conseguiram reconduzi-los a uma fidelidade autêntica, antes, na maioria das vezes foram perseguidos por causa da sua missão. Mas a morte do Filho em realidade é uma vitória, porque determina o nascimento de um povo novo.

Naquele tempo, dirigindo-se Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, disse-lhes: 33“Escutai esta outra parábola:, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro. 34Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram. 36O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’.38Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ 39Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. 40Pois bem, quando o dono da vinha voltar, que fará com esses vinhateiros?”41Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”. 42Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?” 43Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos. 45Os sumos sacerdotes e fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. 46Procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta.


Certo proprietário plantou uma vinha

                Se trata de uma parábola conhecida, já usada pelo profeta Isaías (Is 5,1ss). Plantar e cultivar uma vinha comporta muito trabalho, especialmente nas regiões orientais onde existe seca. Assim é compreensível que camponês seja apegado ao campo que lhe custou tanta fadiga.
                A parábola é uma imagem forte, se a referimos simbolicamente a Deus. A salvação dos homens não é óbvia, é um verdadeiro trabalho da parte de Deus. A criação do mundo é descrita na Bíblia como efeito imediato da palavra do Criador. Deus disse e assim se fez (Gn 1,3s). Ao invés a salvação aprece como uma longa pedagogia divina que culmina com a incarnação do Filho.
                Os teólogos especulativos se perguntam se tudo isto era necessário: Deus não podia salvar o mundo como o tinha criado, somente com a palavra? Metaforicamente podemos responder de sim: Deus podia fazê-lo, é onipotente. Deste modo teria dado uma prova contundente do seu poder, mas a salvação não teria sido a revelação do amor de Deus.

Depois arrendou-a a vinhateiros

                A parábola do evangelho faz alusão de modo particular à eleição do povo de Israel. São João Crisóstomo amplia este sentido. A vinha não significa somente o que Deus fez pelo povo eleito, mas todo o mundo, a sua beleza e a sua utilidade. Os vinhateiros são todos os homens. Deus entregou o mundo nas mãos deles para cultivá-lo e conduzi-lo à perfeição; portanto o homem não pode fazer aquilo que bem entende e usar do mundo como se fosse sua propriedade privada. Para o antigo direito romano a propriedade privada dá o direito de que seja usada e abusada: não se pode ser punido se quebramos um vaso que é nosso, ou matado uma galinha nossa.
                É esta concepção de propriedade privada que São João Crisóstomo quer limitar. Também as coisas que dizemos que são “nossas” nos vem de Deus para fazer o bem.

Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos

                Novamente somos convidados a aplicar a Deus esta parábola. Mas Deus teria necessidade de algo dos homens e do mundo? Certamente que não. E qual fruto pode dar a terra que tenha valor no céu? Somente um: o amor.
                Se a obra da criação e da salvação são os grandes atos do amor divino pelo amor, então Deus não exige dos homens nada mais que este amor seja acolhido e que cresça nos corações para não ficar sem fruto. Obra boa por isto é aceitar a graça divina e rejeitar o pecado.
                Segundo o simbolismo antigo, o vinho é o amor. Aceitar a graça, para o homem, é cultivar a vinha para que produza vinho, fruto da terra e do seu trabalho. É vã a nossa obra na vinha do mundo se não é inspirada no amor de Deus.

Oração

Senhor Deus, depois dos profetas enviaste o teu próprio Filho em meio ao teu povo. Mas a sua presença desagradava a muitos, porque exigia uma real autenticidade de vida. Por isto, ao invés de acolhê-lo o mataram. Tu com bondade inefável, confiaste a tua vinha a outro povo. Dá-nos participar da  ressurreição de Cristo paras sermos membros ativos deste povo e para dar fruto que permaneça pra sempre. Amém!

Fonte:
Messalino Quotidiano dell'Assemblea, EDB
Tomáš Špidlík, Il vangelo di ogni giorno, Tempo di Quaresima e pasqua, Lipa (Trad. livre)

 
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