Segunda-feira, 05 de março – A misericórdia divina e humana (Lc 6,36-38)



Perdoar para sermos perdoados – para sermos abertos ao perdão de Deus, que é gratuito, devemos também nós perdoar gratuitamente. O sacramento da penitência nos torna conscientes do fato que o amor do Pai não que somente libertar-nos do mal, mas também nos unir aos nossos irmãos.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 36“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”. 

Sede misericordiosos

                Misericordioso é quem tem um coração sensível que se move para a compaixão. O misericordioso busca ajudar quem é pobre, escutar e consolar que está na dor.
                Para nós o coração é lugar-símbolo dos sentimentos. Na linguagem bíblica possui um sentido muito mais profundo: no coração se concentra toda a vida interior. O coração escolhe, decide, mas sobretudo, no coração se conserva a recordação de tudo o que temos vivido. São as recordações dos eventos, mas especialmente das pessoas que encontramos, e das impressões que produziram em nós. Neste sentido, misericordioso é aquele que recorda no coração as pessoas da sua vida e permanece fiel a elas.
                A memória é uma virtude que se perde facilmente na confusão moderna. Encontramos muitas pessoas e nos esquecemos delas; hoje alguém nos comove, amanhã o esquecemos. A nossa misericórdia se tornou superficial, sentimental, sem as raízes da estabilidade, da memória, da fidelidade!

Como também o vosso Pai é misericordioso

                Nos salmos pedimos que Deus seja misericordioso conosco (Sl 4,2; 6,3) ou lhe agradecemos pela sua grande misericórdia (Sl 107,1).
                Nestes textos a misericórdia tem dois rostos. Deus vê a nossa miséria e se comove. A libertação dos hebreus do Egito é apresentada como um ato da misericórdia divina: “Eu vi a opressão de meu povo no Egito, ouvi o grito de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci para libertá-los” (Ex 3,7).
                Mais tarde os hebreus mudam, não observam mais os mandamentos, se tornam infiéis. Não obstante esta infidelidade e esta inconstância, Deus permanece sempre do lado deles, mas de maneira diferente. É misericordioso, permanece fiel às promessas feitas a Abraão.
                O homem de todos os tempos é atormentado pela insegurança e está sempre buscando uma ancora de salvação: o dinheiro, os amigos, o poder. Mas qualquer defesa na terra é frágil; os próprios pagãos diziam que a segurança se encontra somente nos deuses. Os deuses porém colocam condições e são benévolos somente com quem observa o seus mandamentos. Também o Deus bíblico exige obediência, mas em toda circunstancia e em toda infidelidade nossa se mostra sobretudo como Pai, e permanece fiel também com aqueles que pecam. Deus Pai perdoa e é misericordioso.

Com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos

                O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26-27). Portanto esta semelhança de qualquer modo deveria se ver. Como se conhece Deus na pessoa humana?
                Se reconhece nas obras de misericórdia, responde São Gregório de Nissa. Assim como a recompensa no céu é em proporção com a semelhança com Deus, cada uma será avaliado segundo a medida que media o próximo. Um pregador recorre a uma fábula para dar um exemplo. Era uma vez uma princesa devota que convidou à ceia todos os pobres que habitavam entre os muros do castelo. Mas que estupor desta gente quando foram servidos no prato as coisas mais estranhas: uma crosta de pão, uma moedinha, uma fogaça. O que era aquilo? Eram as pequenas coisas que eles mesmos tinham dado a um mendigo um dia antes no lugarejo. O mendigo outro não era que a princesa disfarçada, que agora fazia cada um encontrar no prato o quanto lhe tinha dado.
                É somente uma fábula, mas se pode referi-la muito bem à vida eterna. No fundo define a atitude de Deus para conosco e também a nossa para com Ele.

Oração

Pai de toda misericórdia, as tuas graças são sem medidas e o teu perdão sem limites, exceto aqueles que a nossa rejeição impõe. Torna o nosso coração generoso como o teu, lento para julgar. Rápido para perdoar e sempre pronto para dar, porque a nossa bondade será medida pelo amor e pela felicidade que teremos nos séculos dos séculos. Amém!


Fonte:
Messalino Quotidiano dell'Assemblea, EDB
Tomáš Špidlík, Il vangelo di ogni giorno, Tempo di Quaresima e pasqua, Lipa (Trad. livre)

 
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