A verdadeira grandeza: servir – enquanto Jesus anuncia as humilhações que o esperam, os discípulos pensam somente em “ter uma posição” no reino. O Cristo chama então a seguir o seu exemplo colocando-se a serviço dos irmãos. A verdadeira grandeza consiste em servir os pequeninos, porque neles se serve ao próprio Senhor.
Naquele tempo, 30Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão, mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”.32Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar.33Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” 34Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior.35Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” 36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 37“Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”.
Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo
Pediu-se a um biblista de explicar brevemente a diferença entre o Antigo e o Novo Testamento. Ele respondeu sorrindo: “Pois bem, se poderia dizer que no Antigo Testamento encontramos Deus muitas vezes e de maneiras diversas (Hb 1,1), no Novo Testamento o encontramos em Cristo. Aqui Deus parece se concretizar somente numa pessoa histórica, Jesus de Nazaré”. Pode-se expressar esta afirmação também com as cores. Em muitos quadros, um pintor pinta Cristo vestido de vermelho, que no ícone é símbolo da divindade, e com um manto azul, sinal da humanidade, para dar a idéia de Jesus Cristo, Deus tornado homem. Mas a primeira pergunta trás consigo necessariamente uma segunda: qual é a diferença entre o evangelho e o nosso tempo? A resposta será esta: no evangelho encontramos Cristo histórico, hoje encontramos o Cristo místico, presente em todas as pessoas com os quais se identificou, também com os pequeninos.
Quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou
Na vida cotidiana vivemos uma dupla experiência: visitamos as pessoas e elas nos visitam. Não é a mesma coisa. Visitar alguém que detém uma posição importante é um privilégio. Mas a honra é ainda maior se um grande personagem nos visita.
Na biografia de uma santa medieval se narra que no dia do seu aniversário o marido expressou o desejo de ter à sua mesa alguns hóspedes de alto nível; e a mulher prometeu contentá-lo. Mas ficou com muita raiva quando na sua mesa encontrou sentados os mendigos da região. A santa mulher conseguiu acalmá-lo, porque também ele era um homem espiritual, exortando-o a acolher com todas as honras estas pessoas como se acolhesse ao próprio Cristo. De fato, o que se pode mais desejar? Quem acolhe Cristo, acolhe o próprio Pai e com ele todas as bênçãos.
Na mitologia antiga se conta que quando os deuses iam visitar os homens, para recompensá-los pela hospitalidade davam-lhes a imortalidade. Os mitos são um interessante gênero literário que expressam os desejos profundos da humanidade. O cristianismo realiza-os.
Aquele que Deus enviou
Em nossa vida encontramos tantas pessoas. Todas são enviadas por Deus? O próprio evangelho nos adverte: “Cuidado com as pessoas” (Mt 10,17). Numa carta de São João lemos que se devêssemos encontrar pelo caminho um herético, nem mesmo devemos saudá-lo (2 Jo 10). A mesma coisa devemos fazer com os pensamentos: surgem tantos em nossa mente, mas precisamos discernir, guardar os bons e expulsar os maus. Devemos nos perguntar: onde me leva este pensamento? Os bons pensamentos são aqueles que nos levam a realizar uma boa ação, os maus são aqueles que arruínam a nós e aos outros. Assim também são as relações coma as pessoas: quem nos dá ocasião de realizar uma boa ação é enviado por Deus. As ocasiões são numerosas, por isto devemos aprender a desfrutá-las da melhor maneira.
As pessoas espirituais sabem fazer um discernimento a mais: entre um bem menor e um maior, como dizia santo Inácio de Loyola. Talvez deixam a ocasião de realizar uma pequena boa ação para conservar as forças e o tempo para uma bem maior, para a maior glória de Deus!
Oração
Senhor, nosso Deus, tu enviastes o teu Filho, primogênito de toda criatura, para que fosse o último e servo de todos. Ensina-nos a humildade e dai-nos ser disponíveis com os menores dos nossos irmãos, segundo o exemplo de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém!
Fonte:
Messalino Quotidiano dell'Assemblea, EDB
Tomáš Špidlík, Il vangelo di ogni giorno, Tempo “per annum” 1, Lipa (Trad. livre)