Terça-feira, 14 de fevereiro – O fermento dos fariseus (Mc 8,14-21)



As causas da incompreensão – O fermento, nesta passagem, simboliza o espírito que anima a vida de uma pessoa; aquele dos fariseus e de Herodes é o oposto da humilde disponibilidade sem a qual não se pode ver os sinais realizados por Jesus, não se compreende o seu significado. Também os discípulos não conseguem colher o sentido dos gestos e das palavras do Senhor, porque as preocupações materiais impedem a eles de procurá-lo.

Naquele tempo,14os discípulos tinham se esquecido de levar pães. Tinham consigo na barca apenas um pão.15Então Jesus os advertiu: “Prestai atenção e tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”.16Os discípulos diziam entre si: “É porque não temos pão”. 17Mas Jesus percebeu e perguntou-lhes: “Por que discutis sobre a falta de pão? Ainda não entendeis e nem compreendeis? Vós tendes o coração endurecido?18Tendo olhos, não vedes, e tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais 19de quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas? Quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços?”Eles responderam: “Doze”.20Jesus perguntou: E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas, quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços? Eles responderam: “Sete”.21Jesus disse: “E ainda não compreendeis?” 

Tomai cuidado com o fermento

                A fermentação é um processo natural que exalta ou deteriora os alimentos, muda o seu gosto e digestibilidade. A fim de que as coisas não fermentem, se fecham em recipientes herméticos para não entrarem micróbios, que se multiplicam rapidamente e penetram em toda parte.
                Também as pessoas podem ser tomadas por um “fermento da alma” e serem atacadas por micróbios. Como isso pode acontecer? Alguém se levanta tranquilamente pela manhã, vai trabalhar por todo o dia, mas à chegada de uma noticia desagradável altera o seu humor. Ou alguém se sente em paz e alegre; encontra um amigo, se põe a falar, e aquele, gratuitamente, sem motivo aparente, se mostra descortês e arrogante. Eis duas pequenas contrariedades que como micróbios infectam o humor interior; depois tudo adquire um gosto amargo.
                Todos fazemos freqüentemente esta experiência. Mas poucos chegam à conclusão que na ascética é chamada “necessidade de guardar os sentidos”: significa não dar muita importância a falatórios, não fazer discursos inúteis, evitar o que perturba a paz interior.
                Para conservar o coração em paz, não existe outro meio do que esta prática ascética.

O fermento dos fariseus

                Existem fermentos de vários tipos, cada um com as suas características. Em sentido metafórico, a variedade é ainda maior. Cada um de nós se adapta de várias maneiras à condição em que vive, colocando em ação uma vasta gama de comportamentos e de estratégias inconscientes. Vasta é também a variedade dos juízos e dos preconceitos, segundo os ambientes.
                Alguns preconceitos são muito perigosos. Jesus nos alerta sobre o “fermento” dos fariseus e dos herodianos. No nosso modo de falar, “fariseu” passou a significar “hipócrita”, quem ostenta uma grande virtude e se considera melhor do que os outros. Mas todos somos um pouco assim, todos temos alguma coisa em que cremos ser melhores do que os outros. Havia um velhote que tinha um campo, perto da estrada que conduzia a uma aldeia remota. De vez em quando passava alguém que lhe perguntava se aquela era a estrada certa para ir àquela aldeia. E ele suspirava: “Como hoje as pessoas são ignorantes! Não conhecem nem mesmo uma estrada tão fácil!”
                Basta muito pouco para sentir-se superior aos outros e desprezá-los. Não devemos esquecer, porém, que a medida do nosso juízo sobre os outros será a  mesma com que seremos julgados.

O fermento de Herodes

                Os fariseus e os herodianos tinham posições opostas: aqueles lutavam para conservar as antigas tradições, estes para se adaptarem aos influxos estrangeiros. Herodes podia governar porque colaborava com os ocupantes. Mas não se arrependia. Vivia bem, e do ponto de vista moral podia se permitir o que lhe agradava para estar bem sobre a terra.
                Também este tipo de fermento é muito difundido. Se busca o que dá prazer e diversão, se foge do que não dá prazer, mesmo se fugir pode ser injusto e desonesto. “A vida é breve...”: é uma frase que se repete e se pratica há muito tempo. Quem vive assim recebe o premio que quer: a vida breve precisamente.
                O rico de que fala o evangelho foi recompensado nesta vida. E na eternidade? A eternidade foi cancelada do programa. Se pode dizer que vive de verdade quem a cancelou?
               

Oração
Senhor Jesus, diante da tua obra nós também muitas vezes temos olhos e não vemos, temos ouvidos e não escutamos. Liberta o nosso espírito do que o torna fechado à tua luz, faz-nos compreender o teu modo de agir e dai-nos reconhecer no pão que partimos com os irmãos. Tu que és o nosso alimento para a vida eterna. Amém!

Fonte:
Messalino Quotidiano dell'Assemblea, EDB
Tomáš Špidlík, Il vangelo di ogni giorno, Tempo “per annum” 1, Lipa (Trad. livre)

 
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