Sábado, 17 de fevereiro A transfiguração (Mc 9,1-12)



O anúncio da gloria do ressuscitado – Jesus é aquele que foi anunciado pela Lei e pelos profetas, representantes de Moisés  e de Elias; é aquele que devemos escutar, porque nos revelou o Pai. A sua vinda foi preparada por João Batista, novo Elias. E a morte de João anuncia a de Jesus, que através dela entrará na sua glória.

Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar.4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos. 11Os três discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que antes deve vir Elias?” 12Jesus respondeu: “De fato, antes vem Elias, para pôr tudo em ordem. Mas, como dizem as Escrituras, que o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado?13Eu, porém, vos digo: Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como as Escrituras falaram a respeito dele”. 

Os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha

Um alpinista experiente nos dirá que nas excursões em alta montanha precisa subir lentamente e ritmicamente. Aconselha-se parar de vez enquanto, a cada duzentos metros, e olhar para atrás, observando como o horizonte se amplia. Do cume da montanha se vêem os lugares, as casas, os vales, mas com outros olhos, diferentemente de quando se vive dentro. Ver do alto é uma experiência que nos ajuda a compreender os relatos das revelações que se lêem nas biografias dos santos. Eles mesmos, no início não acreditavam, temiam um engano, uma ilusão. Não é fácil distinguir as verdadeiras visões das falsas; mas há um sinal que ajuda. Deus não faz ver aos seus eleitos um mundo irreal, diferente; mostra muito mais a mesma vida do alto, para poder observá-la não mais só com os próprios olhos, mas também com os de Deus.

O mundo transfigurado

O vale que admiramos no alto é o mesmo de onde partimos. Mesmo assim parece diferente, porque do alto o vemos de modo diverso. Os antigos filósofos estóicos ensinavam que a mesma experiência a vivemos em cada alegria e em cada sofrimento da vida cotidiana. Perdemos dinheiro, estávamos desesperados, e hoje relatamos  isso rindo. Ou mesmo ontem riamos de alguém, e hoje estamos na mesma situação que nos fazia rir, e nos arrependemos de ter zombado.
Os estóicos concluíam que para ser feliz não precisa mudar o mundo, mas encontrar a justa atitude diante de cada coisa. O conselho não está errado, mas não é facilmente realizável. Qual atitude se pode definir justo? Pela teologia sabemos que Deus vê tudo, nada lhe escapa, porém é eternamente bem aventurado. Se pudéssemos ver o mundo com os olhos de Deus, ele seria transfigurado, e nós seríamos bem-aventurados, como os apóstolos no monte Tabor.
Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar
                Na galeria Tretjakov, em Moscou, há a famosa ícone da “Transfiguração” de Teofano o Grego. Da figura de Cristo, o branco irradia como uma luz real. Na linguagem comum o branco está relacionado à pureza. Cristo na transfiguração aparece como um puro pensamento de Deus. Também entre os homens os pensamentos puros tem atrativo e esplendor. Na verdade dizemos em sentido positivo, que certas pessoas são transparentes e luminosas e, em sentido negativo, que outras são ambíguas, pouco claras. A nossa vida é como uma obra criativa. Se escutarmos um escritor, nos dirá que diante de uma folha branca a sua mente está confusa, turbada. Em certos dias da caneta parece não querer brotar nada. Depois, num certo momento, depois de dias de sofrimento, é como se o horizonte interior se pacificasse,e  as palavras começassem a fluir sem esforço, ou melhor, com uma clareza e gosto particular. Está nascendo o livro. Metaforicamente, cada um de nós está diante da folha branca da própria vida. Por muito tempo parece de ter idéias confusas. Depois finalmente compreendemos que a idéia fundamental é Cristo e a obra de arte que devemos fazer é entrar em sintonia com Ele.

Oração

Bendito sejais Senhor Jesus, pela tua glória que fizestes resplandecer aos olhos dos teus apóstolos, para preparar-lhes à provação da tua paixão. Sejas bendito pela fé que dás àqueles que não conheceram a alegria da tua presença  humana. Nos momentos difíceis, dai-nos um reflexo da tua luz, para prosseguirmos no caminho com coragem que esperas das tuas testemunhas. Tu, o Filho predileto do Pai, que vive com ele na comunhão do Espírito por todos os séculos dos séculos. Amém!

Fonte:
Messalino Quotidiano dell'Assemblea, EDB
Tomáš Špidlík, Il vangelo delle feste, Anno B, Lipa (Trad. livre)



 
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