Quinta-feira, 1 de março – A oração de petição (Mt 7,7-12)



“Pedi e vos será dado” – a ordem de Cristo é clara, como a promessa que vem logo depois. Mas se o primeiro verbo está no presente, o segundo está no futuro. Na consciência religiosa do homem moderno, o intervalo que separa o pedido do momento em que se sabe de ser atendido se é notavelmente alongado. Todavia a nossa atitude profunda deve permanecer aquela de uma total confiança no Pai.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7“Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta! 8Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate a porta será aberta. 9Quem de vós dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? 10Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe? 11Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem! 12Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas”. 

Pedi e vos será dado!

                Uma das objeções contra a oração diz que se Deus é onisciente, Ele mesmo saberá de que coisa temos necessidade. Porque então pedir? Porque insistir quando sabemos que Ele pensa em nós e nos quer bem? Santo Agostinho provou responder a esta questão. Segundo ele a oração de petição tem um caráter prevalentemente pedagógico. Com ela nos redemos conta da nossa dependência de Deus e ao mesmo tempo nos tornamos conscientes das nossa necessidades. Pedimos a Deus: “Escutai-nos Senhor!” não porque imaginamos que Ele seja surdo, mas porque nós mesmos escutemos melhor o que pedimos, tomemos consciência das nossas necessidades e da nossa situação. Sem dúvida é um argumento válido, mas se pode acrescentar um outro. O objetivo da oração não é somente aquele de obter ou não algo de concreto. Se trata sobretudo de estabelecer um contato pessoal com Deus.
                Ter necessidade de algo nos dá a ocasião. Se vai á “escola da oração” par aprender o verdadeiro diálogo com Deus.

Quem de vós dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão?

                Observamos porque e como se oferecem os dons: quando um pobre pede esmola, muitas vezes recebe somente uma moedinha, ao invés entre amigos talvez se trocam presentes preciosos. É sinal que nos sentimos unidos a quem recebe o nosso presente e que o estimamos. Os pais são ainda mais generosos com os filhos,  sinal da unidade que sentem para com eles. Na Santíssima trindade o Pai dá ao Filho, este tudo o que possui o obtém do Pai.
                A oração nos transfere da terra à vida divina e nos faz participar deste mistério: Deus Pai quer nos presentear tudo e por isto nos convida a pedir. Quer nos dar tudo o que Ele possui, ou seja, tudo o que é bom, perfeito e santo. O que Deus quer nos dar determina o que devemos pedir: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será acrescentado” (Mt 6,33).
                O místico Angelo Silésios escreve: “Deus que é grande ama dar preferivelmente grandes dons, infelizmente somos nós  que temos o coração muito pequeno para recebê-los”.

Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus

                Os grandes filósofos antigos como Platão não acreditavam que Deus no céu pudesse se interessar dos pequenos e ridículos afazeres que atormentavam a humanidade. Mais tarde Plotino, último grande pensador pagão, tomou uma outra posição. Declarou que o bem não pode estar fechado em si mesmo. É como o sol que expande os seus raios em todas as direções. Deus que é bondade infinita está sempre pronto a dar.
                A este propósito os autores recorrem à narrativa bíblica do óleo que a mulher, sobre a ordem do profeta, devia colocar nos vasos em tempo de carestia. O óleo escoava até que os vasos se esvaziavam. Quando eles ficaram cheios, o óleo deixava de fluir.
                Acontece a mesma coisa com a graça divina. Deus está disposto a dar o quando nós somos capazes de receber, na medida em que conseguimos esvaziar o coração de outros interesses e desejos. Se dá livremente somente àquele que livremente aceita.
                Ninguém, portanto, deve temer de pedir, nem sentir-se humilhado por isto: mas do bom Pai procure somente o que é bom.

Oração
Senhor, nosso Pai, quem te busca já te encontrou, mas não na maneira que se imaginava. Dai-nos um coração pobre, capaz de reconhecer a necessidade que temos de ti, e ajudai-nos a ter confiança na tua generosidade, que nos preenche além de todo desejo em Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém!

Fonte:
Messalino Quotidiano dell'Assemblea, EDB
Tomáš Špidlík, Il vangelo di ogni giorno, Tempo di Quaresima e pasqua, Lipa (Trad. livre)

 
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