9 de fevereiro – Uma mulher pagã (Mc 7,24-30)



Os verdadeiros filhos de Deus são os que crêem – Jesus não nega a Israel o privilégio da eleição, mas lhe recorda que ser filho maior não significa ser filho único. O Cristo veio para a salvação de todos os homens que acolherão com humilde fé como uma mulher pagã nos apresenta hoje o modelo.

Naquele tempo, 24Jesus saiu e foi para a região de Tiro e Sidônia. Entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse onde ele estava. Mas não conseguiu ficar escondido.25Uma mulher, que tinha uma filha com um espírito impuro, ouviu falar de Jesus. Foi até ele e caiu a seus pés. 26A mulher era pagã, nascida na Fenícia da Síria. Ela suplicou a Jesus que expulsasse de sua filha o demônio. 27Jesus disse: “Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”.28A mulher respondeu: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”.29Então Jesus disse: “Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha”. 30Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama, pois o demônio já havia saído dela. 

Não está certo tirar o pão dos filhos

Quando se fala do amor para com o próximo os autores espirituais ressaltam o seu caráter universal. Isso deve incluir todos as pessoas sem distinção, próximos ou distantes, amigos ou inimigos. Ao se dar a precedência a alguém em particular, escreve São Máximo Confessor, quer dizer que ainda não é amor perfeito.
                A afirmação nos ensina a qual ideal devemos nos aproximar, mas na realidade é difícil colocá-lo em prática. A moral nos diz que o nosso amor deve ser “ordenado”; os atos de amor se identificam em primeiro lugar com os deveres. Os deveres nos dizem de nos ocuparmos antes de tudo daqueles que nos são mais próximos, que nos foram confiados, com quem trabalhamos e vivemos. Não é credível quem fala de amor universal e depois não encontra tempo para a própria família. E depois é mais fácil pregar a igualdade das raças em regiões distantes que ser gentil com o próximo de casa. Jesus nos pede de amar o próximo “como” nós mesmos, não ao “invés” de nós mesmos. Por isto devemos sentir os de longe “como se” fossem próximos, e não distantes o nosso próximo, os quais por primeiro tem direito à nossa caridade.

Também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair

                Na tradução deste versículo é usado o diminutivo “cachorrinhos”. A palavra cachorro, indicando uma pessoa, para nós soaria como um insulto. Uma vez disse a um muçulmano que eu para ele era um simples “dgauro”, cachorro. Ficou perplexo, depois buscou explicar-me que eles utilizam este termo para os que pertencem a outra fé, porém não num sentido negativo. Significa alguém que não pertence à família, que não é irmão,  mas vive na mesma casa e tem o direito de ser mantido e cuidado, como acontece com um cachorro de casa. Este é também o significado do trecho do evangelho. A mulher sírio-fenicia, pagã, é consciente de não pertencer ao povo eleito, mas não quer ser excluída dos benefícios do Messias. Portanto, é a imagem de muitos que não são “nossos”, ou seja, que não pertencem á nossa Igreja, á nossa nação ou á nossa família,, mas que tem direito à nossa ajuda. Pelo que se refere a nós, devemos estender também a eles os nossos benefícios.

Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa

                Ninguém pode salvar-se senão na Igreja. Cristo é a única porta que conduz ao Pai (Jo 10,1ss), e a Igreja é o seu corpo místico. Esta é a nossa fé. Hoje chegamos a uma melhor compreensão deste dogma. Quem pertence á Igreja? A pertença ao Corpo de Cristo é mística, é mistério. Além disso, esta pertença cresce progressivamente até a plenitude.  As decisões do Concilio Vaticano II sobre o ecumenismo distinguem, na verdade, vários graus de adesão á Igreja. De maneira mais estreita estão unidos a ela aqueles que crêem em tudo aquilo que pertence à nossa confissão, e segundo esta fé vivem em união com todos os fiéis. Existem outros que possuem uma fé parcial: também ele estão unidos a Cristo?
                A mais forte é a fé de Pedro, aquela que lhe faz confessar: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). A mulher sírio-fenicia sabe pouco de Cristo e da sua missão, mas vai a Ele por fé, e essa fé a salva. Se a fé é sincera, permite a todos de participar aos dons do reino de Deus.

Oração

Deus dos nossos pais, nós não pertencemos ao povo da primeira aliança, e sobretudo somos pecadores. Não temos nenhum direito à tua graça, mesmo assim fostes bom para conosco, nos destes o perdão e nos tornastes teus filhos. Diante de uma amor tão gratuito, te pedimos com profunda confiança por nós e pelas pessoas que amamos, em Jesus Cristo, nosso Senhor.Amém!

Fonte:
Messalino Quotidiano dell'Assemblea, EDB
Tomáš Špidlík, Il vangelo di ogni giorno, Lipa (Trad. livre)

 
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