A verdadeira pureza é a do coração – Os ritos de purificação são inúteis quando se esquecem o seu significado, que é o de convidar o homem a purificar o próprio coração de todas as intenções más.
Naquele tempo, 14Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai todos e compreendei: 15o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. 16Quem tem ouvidos para ouvir ouça”.17Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe perguntaram sobre essa parábola. 18Jesus lhes disse: “Será que nem vós compreendeis? Não entendeis que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, 19porque não entra em seu coração, mas em seu estômago e vai para a fossa?” Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros.
20Ele disse: “O que sai do homem, isso é que o torna impuro. 21Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios,22adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”.
20Ele disse: “O que sai do homem, isso é que o torna impuro. 21Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios,22adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”.
Nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura
Na vida cotidiana somos contaminados por muitos fatores externos como a poluição, radiações, ondas eletromagnéticas. Nos lavamos e mudamos as roupas iludindo-nos de estamos limpos, que a sujeira não pode aderir ao nosso corpo. Em sentido metafórico somos contaminados por discursos maus, por calunias, mas também neste caso sabemos nos defender, suportando até quando as calunias cessam e a verdade venha à tona.
Pior é a situação nas tentações: uma imagem suscita o desejo de nos comportar contra a lei de Deus. Encontramos uma carteira e o pensamento de ficar com o dinheiro que não é nosso entra no coração. Por isto, para não cair em tentação, buscamos evitar as ocasiões de pecado e os ambientes mais expostos ao mal. Mas então, somos contaminados pelo que vem de fora? Parece que sim: “Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5,28).
Mas os cristãos são bem conscientes que o processo interior não é mecânico. Para que um pensamento vindo do externo se torne um pensamento verdadeiramente nosso, deve ter o consentimento interior: somente quando consentimos à tentação, o mal entra em nós e nos contamina.
O que sai do homem, isso é que o torna impuro
O homem não sofre mecanicamente os influxos do externo. Entra em contato, em diálogo com a realidade. A criança primeiramente pergunta: “O que é isto?”, e depois pergunta: “Para que serve?”. Somente quando terá resposta a estas perguntas virá a decisão sobre o que fazer.
São Máximo Confessor explica este processo com um exemplo semelhante àquela carteira encontrada no chão. Quem a encontra tem a idéia de se apropriar do dinheiro, esta idéia lhe vem somente quando vê a carteira, ou seja, lhe vem de uma solicitação externa. A decisão de pegar a carteira e apropriar-se dela ao invés é uma decisão interior, que acontece dentro do seu coração. Mesmo se não se cumpre uma ação má, a contaminação de qualquer modo aconteceu; mas uma coisa é o pensamento, uma outra é o ato.
Um monge oriental que escutava o desabafo de um jovem excessivamente escrupuloso, que temia se deixar seduzir por todas as tentações, lhe respondeu assim: “Não temas as sugestões, teme muito mais as decisões que tomarás sob o influxo delas!”
É de dentro do coração humano que saem as más intenções
A primeira vista parece que esta afirmação do evangelho contradiga aquilo que se disse até agora, ou seja, que os maus pensamentos vem de fora e que do interior do coração acontece o consentimento. Mas é assim somente num primeiro momento.
Quando alguém deixou um pensamento mau entrar no coração, este lança raízes e se multiplica como erva daninha em terreno bom. O pseudo Macário escreve que os pensamentos maus são como serpentes. Se as deixa entrar, se apossam, fazem o ninho e depois se escondem
Shakeaspeare descreve o mesmo processo de maneira psicológica. Otelo, no drama “O Mouro de Veneza”, é apresentado como um homem honesto e fiel, que porém acreditou no sedutor que malignamente acusa sua mulher de infidelidade. Otelo é atormentado pelo ciúme, e a ira o sufoca até que se torna o assassino da própria mulher. A paixão que enfraquece e por fim destrói o homem começa com pequenos sintomas, aparentemente pouco importante. Ao invés precisa cortar logo a cabeça da serpente, apenas surgida, porque quando o mal já é crescido se torna inatacável por qualquer remédio.
Oração
Senhor, para ti o pecado não consiste na transgressão de determinados tabus rituais, mas na vontade inclinada para o mal do homem. Põe no nosso coração a caridade, para que dele não surja outra coisa a não ser a paz, o amor e a alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!
Fonte:
Messalino Quotidiano dell'Assemblea, EDB
Tomáš Špidlík, Il vangelo di ogni giorno, Lipa (Trad. livre)