11 de janeiro - Quarta-feira – A cura da febre (Mc 1,29-39)


Pregação e oração – retirando-se para rezar, Jesus não foge da atividade exigida pela sua missão, mas nos prepara à presença daquele que o enviou.

Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los. 32À tarde, depois do pôr do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.35De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. 38Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”.39E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.

A sogra de Simão estava no leito com febre

A febre provoca uma elevação da temperatura corporal fora do normal. Do ponto de vista moral, ela é símbolo de um calor não natural ou seja, da atração sensível, da paixão.

A filosofia dos estóicos se ocupava particularmente das paixões, e os Padres da Igreja se inspiraram nos seus ensinamentos. Segundo os estóicos existem dois caminhos: ou nos comportamos segundo a razão, avaliando os argumentos pró ou contra toda escolha, ou nos deixamos levar pelas paixões. No primeiro caso o comportamento é bom, no segundo é mal, mesmo se a paixão é somente um pensamento que não se traduz em ato. Em síntese, quem se excita já peca. A consciência moral, portanto, exige de nós que se suprima toda paixão logo que nasce. O termo grego para paixão é pathos, por isso o homem perfeito é “apático”, não deseja nada, nada o estimula, de nada tem medo.

Uma nobre teoria, mas para os cristãos é preciso corrigi-la em dois pontos. Nem todas as atrações sensíveis são contra a natureza. E não é verdade que as paixões, uma vez estimuladas, não se podem mais controlá-las: pelo contrário, podem e devem ser dominadas. Por este motivo a moral cristã distingue entre atrações moderadas e imoderadas. Os ascetas cristãos eram grandes otimistas: o homem não peca pelo simples fato de ser estimulado, mas porque não se domina, pois pode e deve fazê-lo.

A paixão da ira

As paixões são de muitas espécies. Mas os estóicos as dividiram em dois grupos: intolerância ou atração. Algo nos desgosta ou nos atrai e queremos possuí-la.

Um exemplo do primeiro grupo é a paixão da ira, da qual muito foi escrito pelos autores clássicos, que chamam a pessoa irada de “louco voluntário”. Movido pela ira, ele faz coisas que depois se arrepende, quebra coisas que depois deve reparar, faz mal a quem é amigo e vizinho. Os mais expostos a ira são os de temperamento sanguíneo e colérico. Os primeiros iram-se rapidamente, mas se acalmam logo depois. Nos coléricos a ira demora mais, e é seguida por ódio e desejo de vingança. Assim como é difícil impedir o surgimento do primeiro tipo de paixão, o exercício ascético que se aconselha aos sanguíneos consiste no esforço de calar e de não decidir nada durante o momento da ira.

Nos “Apoftegmas” dos Padres se narra que para provar a virtude de um velho monge, na sua presença os outros faziam discursos sarcásticos sobre ele. Mas ele permanecia impassível. Depois lhe perguntaram: “Padre, ficaste com raiva? Ele respondeu: “Sim, mas não disse nada”.

A febre da concupiscência

A ira é a excitação contra algo que nos contraria. A concupiscência é o oposto: há algo que excita o nosso desejo, e queremos tê-lo a todo custo. Se a concupiscência se mantém numa justa medida, é a reação normal de um organismo sadio. O estomago sente o desejo de comer e beber. As pessoas sadias sentem o desejo de moverem-se, jogar, rir. Porém estes desejos podem transformar-se em paixões destrutivas. Então há alguém que não consegue deixar de beber, ou quem se deixa dominar pela sensualidade e acaba por ser escravo do sexo.

Um conselho prudente, mas que não é sempre fácil colocar em prática é aquele de são Máximo o Confessor: separar o pensamento da paixão. Este conselho é expressão de um grande otimismo psicológico. Na prática significa: quando sou possuído por alguma paixão, busco de parar um momento e dizer: Quero realmente fazer isto ou aquilo? Sim, quero... mas não o farei. Com esta lucidez, a consciência consegue permanecer tranqüila e dominar o desejo. O homem não é aquilo que deseja, mas o que livremente quer e decide.
                                                                                                                                            Tomáš Špidlík

Oração

Senhor, nosso Deus, o teu Filho passou em meio aos homens fazendo o bem: curou os enfermos e anunciou a boa nova. Mas soube também retirar-se na solidão para rezar. Acolhe a nossa oração que se une àquela daquele que é o único capaz de orar a ti, o Cristo Jesus, nosso Senhor.





 
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