A vitória do “santo de Deus” sobre o maligno – a palavra de Jesus constringe o espírito do mal a se mostrar e liberta os homens da sua influência.
21bEstando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24“Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. 25Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!”
26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “Que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galileia.
26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “Que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galileia.
Ensinava-lhes como alguém com autoridade
As palavras são um belo meio de comunicação entre os homens. Os animais emitem somente sons para identificar o perigo, medo, agressividade. Ao invés com as palavras podemos transmitir a riqueza da nossa alma ao coração de uma outra pessoa.
Nos lamentamos da inadequação das palavras. Se lamenta, sobretudo, quem se serve delas para ensinar como pais, professores e pregadores. Às vezes se tem a impressão que quem escuta as suas palavras na realidade não as ouve, ou mesmo as compreende mas não as leva a sério. “As palavras não mudam o mundo!”, dizemos com pessimismo. É verdade que a eficácia da palavra é limitada, mas as palavras fazem também muito bem.
Muitas das nossas palavras são as palavras de Deus. Com ela Deus criou o mundo, a sua palavra se tornou fato. Jesus fala como homem, com língua humana. Mas é Deus-homem, e as suas palavras humanas tem um poder divino. Com a palavra Cristo cura os doentes, expulsa os espíritos malignos, ensina e consola. Quem acolhe as suas palavras, não somente cresce no conhecimento, mas acolhe também o poder divino que elas possuem, capaz de transformá-lo. Através das palavras de Jesus, se perpetua nele o dinamismo da primeira criação.
Não como os escribas, comentaristas das Escrituras
Também as religiões não cristãs possuem os seus livros sacros, que contém a revelação divina. Os mulçumanos possuem o Alcorão, que tem autoridade divina, que se lê e se comenta nas mesquitas. Os intérpretes têm o poder que deriva do conhecimento dos textos: ou comentam-no retamente ou desviam o seu sentido. Neste caso perdem a autoridade, porque somente o texto do Alcorão tem autoridade. Era assim também para os comentaristas do Antigo Testamento. De que maneira Jesus é diferente? Ele é consciente que o verdadeiro sentido dos textos é Ele mesmo, e por isto a sua pessoa e a sua vida contém a plenitude da verdade. Também a Igreja continua a interpretar as Escrituras deste modo, e transfere aos textos sacros a sua vida,a sua história, as suas tristezas e as suas alegrias. E também cada cristão lê a Bíblia de modo semelhante. Descobrir nela, como num espelho, o que acontece na sua alma, escuta as mesmas vozes que ressoam na sua consciência, vê a imagem do próprio coração.
Dá ordem até aos espíritos imundos
João Mosco é o autor do livro “Prato espiritual”, onde recolhe muitas histórias sobre os monges palestinos do seu tempo, entre os quais também o abade Marcelo. Numa tardezinha ao pôr-do-sol, como em todas as tardes, Marcelo começou a recitar e a cantar os salmos. Num momento sentiu um grande ruído, Abriu a porta e viu um exército escuro em forma de batalha. Perguntou então estupefato: “Há guerra?” um soldado lhe respondeu grosseiramente: “Sim, há guerra! Olha quantos soldados mobilizastes com os teus salmos!” É uma história bizarra, mas expressa a convicção dos monges, que os salmos possuem um poder de exorcismo contra as potências malignas
Em certo sentido a mesma coisa vale para todas as palavras divinas. A leitura da Sagrada Escrituras não é considerada, portanto, como uma leitura qualquer, mas como uma ação litúrgica.
Quando a missa é celebrada de modo solene, o Evangelho é levado com os braços levantados, entre as velas e o incenso. Escuta-se em pé, como se Cristo em pessoa estivesse falando. Hoje se lê voltado para o povo, como uma leitura destinada a todos. Mas antes da última reforma litúrgica, o evangelho se cantava voltado para “o norte”, de onde, segundo a tradicional expressão dos profetas, vêm simbolicamente os inimigos. A palavras de Deu é capaz de mantê-los distantes.
Tomáš Špidlík Oração
Senhor Jesus, que falastes com autoridade e viestes para pôr fim ao poder do mal, liberta o nosso espírito e o nosso corpo de tudo aquilo que nos torna escravos. Possuídos assim do teu Espírito, cantaremos a tua vitória, tu que és o Santo de Deus, por todo o sempre. Amém!